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PESSOTTI, Deficiência mental: da superstição à ciência, Capitulo IV-VI.

Rafael Augusto Linhares



O primeiro especialista em Deficiência mental e em ensino para deficientes mentais na nossa historia é Edourd Seguin, de 1846, é o primeiro a reconhecer e a propagar tais qualidades, quase a ponto de se propor como autoridade no assunto.
Para Seguin “A idiotia é congênita ou resultada de acidentes ocorridos nos primeiros tempos de vida; manifesta sob a forma de incapacidade e de todos os tipos a partir do momento em que a criança deveria poder das os primeiros sinais de atividade, inteligência e sensibilidade, ou o mais tarda em seguida a convulsões que assinalam a primeira dentição; num e noutro caso, porem, a afecção nervosa e seus sintomas aparecem de uma vez com toda a sua gravidade, ou não tende a piorar senão durante esse primeiro período que se poderia chamar de inflamatório.”
Em outro ponto de sua teoria Seguin escreve: ”o cretinismo é freqüentemente causa da idiotia nunca é causa de cretinismo”, isso nos leva a pensar como será que Seguin classificava os deficientes intelectuais, ele classificava em idiotia, imbecilidade, cretinismo e demência, para ele “A idiotia coincide sempre com um distúrbio no sistema nervoso particular. A imbecilidade, deixando predominar as constituições musculares e biliosas, não se acompanha de qualquer distúrbio nervoso e exterior. O cretinismo carrega consigo a constituição linfática, a escrófula, o bócio, o raquitismo e todos os cortejos de enfermidades resultantes da abundancia de fluidos brancos; ele altera secundariamente os aparelhos nervosos como todos os demais.”. Assim, um imbecil pode ser mais inteligente que um idiota, um demente mais estúpido que um cretino, como também o contraria se encontra igualmente.
Seguin foi o primeiro a propor uma teoria psicogenética da deficiência mental. Que consiste em  resumo, um comportamento é produzido a partir do domínio de outro, preliminar ou pré-requisito, para a aquisição do primeiro; mas, um outro só podem ocorrer quando o sistema nervoso central e o organismo como um todo apresentarem um nível adequado de maturação.Essa maturação tem aspectos anatômicos e funcionais, cujo conhecimento e eventual controle deve ser preocupação indispensável e preliminar do educador, principalmente na educação de deficientes mentais.
                Numerosas obras de diversos autores empregam a palavra e o conceito de degenerescência de Morel(1857) com significado de degradação da natureza, perda da perfeição. Mas o que “degradação” tem de descritivo, “degenerescência” tem de principio ativo, processo dinâmico, causal ou determinante, da degradação descrita.
 “Todas as povoações que incluem cretinos possuem portadores de bócio e não se pode apontar qualquer exemplo em contrario. A observação atenta dos fatos prova que o bócio é a primeira etapa do cretinismo.”
A partir das Degenerescências, de Morel, a deficiência mental regride ao status de ameaça à segurança publica e à saúde das famílias e povoações. É a nova lepra. E a pré-ciência não era injusta ao denunciar a nova lepra: ela apresenta dados. Dados que mostram hoje apenas o despreparo metodológico e atraso do conhecimento biomédico indicavam, nas ultimas décadas do século XIX e o mesmo nas duas primeiras do nosso século, o avanço avassalador e catastrófico da hereditariedade da deficiência mental.

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